sexta-feira, 27 de maio de 2011

Entrevista com a Dra. Sally Lacerda Pinheiro

ENTREVISTA

NOME COMPLETO:Sally de França Lacerda Pinheiro
Juazeiro do Norte-Ce

1-QUAL SUA ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO?
Em Odontologia sou Implantodontista, mas também sou professora do curso de medicina na área de Biologia Celular e Molecular
2- QUAL A RELAÇÃO DA GENÉTICA COM SUA ESPECIALIZAÇÃO?
Existem mecanimos moleculares associados a reabsorção óssea que tem caráter genético, podendo levar a uma diminuição do capital ósseo. Este pode ser um obstáculo para a reabilitação com implantes dentais, por exemplo.
3-E COM A ODONTOLOGIA?
Existem muitas doenças  genéticas com repercussão nas estruturas oro-faciais. Além de polimorfismo associados à predisposição a doenças periodontais.
4-VOCE ATENDE MUITOS CASOS DE PESSOAS COM REABSORÇÃO  ÓSSEA? O QUE FAZER COM ESSES PACIENTES?
Sim. Na implantodontia nos deparamos com esse problema rotineiramente. Quando o paciente perde o dente, o osso alveolar tende a reabsorver. Isso se agrava se as ausências dentarias forem múltiplas. A solução para reabilitar esses pacientes é a reconstrução através de enxerto ósseo, que pode ser do tipo autógeno (do próprio individuo), alógeno (osso de banco – doador da mesma espécie), xenógeno (osso de origem animal) ou aloplástico (quando se utiliza biomateriais). A pesquisa atual tem se focado no uso de moléculas bioativas, como os fatores de crescimento, assim como na terapia celular através do uso de células-tronco. Mas essas duas últimas opções estão ainda em fase de estudo.
6-A DOENÇA PERIODONTAL PODE SER CONSIDERADA COMO UMA DOENÇA DE ALTO RISCO?
Se você fala de alto risco de perda dental, sim. Juntamente com a cárie dental, elas são as maiores responsáveis pelas extrações dentais.
Podemos enxergar também a doença periodontal de forma sistêmica. Assim, ela apresenta-se como fator de risco para a saúde geral do paciente. Muitos estudos já provaram a relação da doença periodontal com o risco de desenvolver doenças coronarianas, septissemias, e até risco de parto prematuro e bebês de baixo peso para as gestantes portadoras da doença periodontal.
7-VAMOS FALAR AGORA SOBRE SUA ESPECIALIDADE; QUANTO TEMPO VOÇÊ TRABALHA COM IMPLANTES?QUAL A CHANCE DE UM IMPLANTE DAR CERTO?
Trabalho com implantes há 11 anos.
O sucesso do implante é considerado quando a prótese foi instalada e o implante está funcional por 1 ano. Para que isso ocorra é necessário atentar para vários fatores como: planejar corretamente as etapas cirúrgicas e protéticas, obedecer o protocolo cirúrgico, instalar uma prótese balanceada e ter sempre a colaboração do paciente quanto a higienização. Obedecendo a esses critérios o implante terá 98% de chances de dar certo.
8-QUAIS OS RISCOS CIRÚRGICOS COM RELAÇÃO À CIRURGIA DE IMPLANTE?
Além dos riscos inerentes a qualquer cirurgia oral menor, como hemorragias e infecções pós-operatórias, os implantes mal planejados podem ser instalados em áreas anatômicas nobres. A conseqüência é principalmente a parestesia – quando o implante está muito próximo ao nervo. Hoje podemos controlar muito bem o posicionamento dos implantes, através da tomografia conebean, e das cirurgias guiadas por computador.
9-QUANTO TEMPO DURA UM IMPLANTE? QUAL SUA VIDA ÚTIL?
O implante não tem prazo. Normalmente é a coroa sobre o implante que é trocada caso haja fratura, desgaste ou alteração de cor.
10-QUAIS AS VANTAGENS DO IMPLANTE EM RELAÇÃO À PRÓTESE CONVENCIONAL?
O implante unitário tem uma enorme vantagem em relação à prótese fixa pois não é necessário desgastar os dentes vizinhos para servir de pilares. Além disso, o implante permite uma higienização mais simples, pois não há necessidade da utilização de passa-fio, como é o caso das próteses fixas. Em relação às próteses totais, os implantes vão auxiliar na retenção e estabilidade da prótese.
11-ELES PODEM SUBSTITUIR AS PRÓTESES CONVENCIONAIS COMO PONTE FIXA, PRÓTESE REMOVÍVEL OU TOTAL?
Quando houver suporte osse suficiente, sem duvida.
12-PELO FATO DE SER UM MATERIAL ESTRANHO, EXITEM RISCOS DE REJEIÇÃO OU DE CONTAMINAÇÃO COM VÍRUS POR EXEMPLO? COMO UM IMPLANTE É ESTERELIZADO?
O implante é composto essencialmente de titântio, que é um material inerte e biocompatível com os tecidos vivos. Não há rejeição, o que pode haver é uma fibrointegração e impedir que o implante osseointegre. 
O implante é esterilizado por raios gama.
13-QUANTO A IDADE, QUALQUER PESSOA PODE FAZER UM IMPLANTE?
Os implantes são indicados quando o crescimento já cessou, ou seja, depois dos 18-20 anos. Quando aos pacientes idosos, se eles estiverem com a saúde geral em ordem, não há contra-indicação.
14-PRA FINALIZAR,GOSTARIA DE SABER SE QUEM TEM PREDISPOSIÇÃO PARA PLACA BACTERIANA PODE FAZER IMPLANTE?
A placa bacteriana forma um biofilme na superfície de todos os dentes, entretanto se o paciente não higieniza corretamente, essa placa se acumula e causa doença periodontais e cárie. Portanto, nos pacientes que apresentam deficiência na escovação devem ser orientados quanto a higiene, pois o acumulo de placa poderá trazer problemas de periimplantite e a futura perda dos implante.

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